Crise na educação faz o Brasil retroceder pelo menos dez anos

Na quarta-feira (6), às 15h, Lucas Eduardo Pereira dos Santos, 15 anos, saiu para trabalhar pelas ruas de Campos Elíseos, em São Paulo, onde mora. Ele saiu com a avó para recolher material para a reciclagem. Voltou às 19h. Com sorte, conseguiu latinhas para vender em um ferro-velho por pouco mais de R$ 3 o quilo. Essa é a realidade do adolescente em 2022. No horário em que deveria estar na escola, ele trabalha para complementar a renda familiar.

A necessidade tirou Santos da sala de aula, que perdeu o 9º ano. “Foi difícil sair, porque adoro estudar. Mas precisava ajudar minha mãe, avó e meus quatro irmãos. Enxergo como uma decisão difícil da vida, mas que tem que ser tomada”, admite. A maturidade surpreende. “Não é a primeira vez que me dizem isso”, continua.

Nos últimos meses, ele foi operador de telemarketing, entregador e ajudante geral em uma loja. No comércio, trabalhava demais. “Chegava de manhã, limpava o lugar, repunha os produtos, atendia os clientes e fazia entregas. E, geralmente, eram pesadas e distantes. Era muita ladeira e cansava”, narra. Por isso, partiu para a reciclagem.

Livia Pereira da Silva, mãe do adolescente, se entristece. “Ele foi trabalhar e teve problema porque não podia ser registrado. Acabou perdendo a vaga na escola. Mas ano que vem, vou fazer de tudo e ele volta a estudar”, avisa. Os irmãos do menino seguem no colégio e graças ao Instituto Sonhe, organização não governamental de São Paulo, frequentam cursos como jiu-jítsu e futebol. “A instituição ajuda com cesta básica”, acrescenta ela.