Com milhões passando fome, verba de merenda fica parada em prefeituras

Depois de dois anos estudando de casa por causa da pandemia, as filhas do serralheiro Dionísio Vieira, de Franca (SP), aguardavam o momento de voltar à escola. Só não imaginavam que a merenda servida seria apenas pão — recheado, a depender do dia, com frango ou presunto.

“Quando a prefeitura oferece pão no lugar do almoço o que ela quer dizer para uma criança? Isso não é almoço, é um lanche de péssima qualidade”, diz o pai das meninas. A justificativa dada pela prefeitura foi a falta de merendeira, mas, mesmo depois que as funcionárias foram contratadas, os alunos ainda recebem de merenda pão em pelo menos um dia da semana.

Em contrapartida, Franca tinha R$ 489 mil no caixa em abril deste ano para usar com a merenda escolar (dado mais recente disponível). Em dezembro de 2021, eram mais de R$ 2,2 milhões. O dinheiro foi transferido pelo FNDE (Fundo Nacional do Desenvolvimento da Educação), órgão ligado ao Ministério da Educação, para ser usado no âmbito do Pnae (Programa Nacional de Alimentação Escolar).