Miriane, advogada, viralizou e ganhou fama de “kinga” (gíria para “rainha”) nas redes sociais.
“Tomei um susto, achei que estavam me chamando de quenga”, relembra.
Já o apelido de “a Legalmente Loira de que o Brasil precisa” foi bem recebido desde o começo, mas ela esclarece que não começou a advogar por amor à profissão. Miriane queria ser juíza, só que a vida tinha outros planos para ela.
“Sou a amiga rebelde, sempre fui. Aquela que falava ‘não aceita essas coisas de homem’, ‘larga ele!’, ‘não abaixa a cabeça’. Não tive exemplo de mãe submissa dentro de casa, então acho inadmissível”, explica.
Pouco a pouco, os planos do magistrado evaporaram e Miriane prosperou como advogada de família. Atualmente, uma consulta online de 40 minutos com a especialista sai por R$ 600.
Durante 2020, grávida de seu terceiro filho e recolhida por causa da pandemia, Miriane passou a consumir vídeos de coaches e mentores. Veio o estalo:
“Olha, gente, que bacana. Acho que tenho muito o que falar também”, pensou.
Seu perfil no Instagram ganhou forma há um ano, com o propósito de atrair clientes — mas só deslanchou quando a advogada começou a responder às perguntas da audiência com uma pitada de opinião.
A rede tem servido para trazer mais consulentes e ampliar sua reputação. Ela relata que ainda não fez publicidade porque nenhuma marca ofereceu parcerias em que ela acredite por um valor que valha a pena. Pretende também ministrar um curso online para advogados e está cursando um mestrado em direito e tecnologia.
Feminista, eu?
“Não acho que a mulher tem que pegar o papel do homem.” E qual seria o papel do homem? Para a advogada, o de provedor.
“Por mais que a mulher trabalhe — e acho que tem que trabalhar —, a responsabilidade tem que ser deles. Se não, você inverte papéis e não dá certo no futuro. Aquele homem que tem uma mulher que faz tudo pelo parceiro tira toda a masculinidade dele, e ele vai virar um filho da companheira. Não vai tratá-la bem, não vai respeitá-la”, reflete.
Miriane acredita que as mulheres precisam ser tratadas de forma diferente por serem mais vulneráveis. “Eles se aproveitam disso para passar por cima da gente. A mulher tem que ser muito bem tratada. Eu não quero ter direitos iguais, mesmo porque isso nunca vai existir”, lamenta, e afirma que já esteve em relacionamentos abusivos quando era mais jovem.
“Os ‘princesos’ acham que a mulher tem que pagar metade das contas, mas eles querem chegar em casa e ter jantar pronto, as crianças arrumadas, e em nenhum momento vão pensar ‘não, ela está dividindo a conta, então eu vou fazer o serviço de casa’. Se a mulher não deixar tudo impecável, ela é a porca. Eu falo que as mulheres foram atrás dos direitos delas, mas não deram mais deveres para os homens. Pegaram os deveres que eram deles e ficaram sobrecarregadas. Se estão pagando a conta agora, então que elas exijam mais dos parceiros para serem homens diferentes, para que eles lutem ainda mais pela família porque elas estão lutando também.”