“Dizem que mulheres não devem tentar ser mães e ao mesmo tempo escritoras, porque tanto as crianças como os livros sofrerão, porque não é possível, é antinatural”, diz a escritora mexicana Jazmina Barrera parafraseando a americana Ursula K. Le Guin, em Linea Nigra (Editora Moinhos. Tradução: Silvia Massimini Felix), um compilado de pensamentos e ideias com tom confessional, quase como um diário, escrito durante sua gravidez e lactação.
O livro foi traduzido em 2023, e a autora é um dos nomes confirmados para a Flip, que acontece em outubro em Paraty (RJ).
A obra é acolhedora para mulheres que planejam engravidar, estejam vivendo essa fase ou apenas guardem o período na memória. Mas é também realista:
A maternidade é um outro tipo de dano. É uma demolição, uma desintegração do ser, depois da qual a forma original desaparece. Para Sarah Manguso, a maternidade é um terremoto, ela diz, citando outra escritora que a acolheu no período confuso.
É a primeira vez que Jazmina vem ao país e se diz animada com a possibilidade de conhecer Paraty, já que sempre foi encantada pela comida e cultura brasileiras. A escritora é casada com o escritor chileno Alejandro Zambra, autor de “Literatura Infantil”, que retrata a visão masculina a partir do momento em que o filho nasce.