Com cabelos ondulados, sem cores e uma coroa de folhas, a “moça” tem origem na Revolução Francesa
O Plano Real completou, no último dia 1º de julho, 30 anos que entrou em circulação no País. A chegada da nova moeda em 1994 trouxe, além da estabilização da economia em um cenário de hiperinflação, o rosto de uma mulher até então pouco conhecida.
Com cabelos ondulados, sem cores e uma coroa de folhas, a “moça” na nota é conhecida como Marianne. Ela, que se tornou efígie (representação de uma pessoa numa moeda) da República do Brasil, tem origem na Revolução Francesa (1789-1799), que teve como lema “Liberdade, Igualdade e Fraternidade”.
Embora tenha nome de pessoa, Marianne é uma escultura. A figura, batizada como um dos principais símbolos da liberdade, foi retratada em obras de arte, a mais famosa delas o quadro “A liberdade guiando o povo”, de 1830, do artista Eugène Delacroix.
“Em vários países, a efígie é a personificação do regime republicano e do próprio estado onde esse regime vigora. Geralmente, a imagem é representada por uma mulher. No Brasil, esse símbolo [Marianne] está impresso em todas as cédulas do real e também aparece cunhado na moeda de 1 real”, diz o Banco Central.
O adorno que apresenta na cabeça de Marianne chama-se barrete frígio (cobertura para a cabeça usada pelos frígios na época da primeira República na França). Frígia é uma região localizada na Ásia antiga, conhecida como o local onde as pessoas não se deixavam escravizar. Hoje, esse território pertence à Turquia.
Além do rosto de Marianne, figura simbólica representando um rosto de mulher do povo, a efígie da República do Brasil passou a estampar todos os valores com a criação do real, sempre com um animal característico da fauna brasileira para estimular o interesse do povo no meio ambiente.
O Terra procurou o Museu de Valores do Banco Central para saber mais detalhes sobre a escolha pela utilização de Marianne em todas as cédulas de real, mas ainda não obteve resposta. Se o fizer, o texto será atualizado.
Efígies
Utilizar um personagem marcante da história como representação de uma moeda não é algo exclusivo do Brasil. Enquanto no real a efígie é uma escultura, em moedas estrangeiras essa representação pode ser feita com personagens reais. O dólar americano, por exemplo, tem sete efígies, representadas por cinco ex-presidentes.
George Washington estampa a nota de US$ 1;
Thomas Jefferson estampa a de US$ 2;
Abraham Lincoln está na nota de US$ 5;
Andrew Jackson estampa a nota de US$ 20;
Ulysses S. Grant estampa a nota de US$ 50;
Outros dois americanos que não foram presidentes também são efígies. O primeiro Secretário do Tesouro, Alexander Hamilton estampa a nota de US$ 10, e o cientista e um dos líderes da Independência dos EUA, Benjamin Franklin, estampa a de US$ 100.
Curiosidade do real
Todas as notas da Segunda Família do Real têm as legendas “República Federativa do Brasil”, na frente, e “Banco Central do Brasil”, no verso. Na frente, na lateral direita da efígie da República, encontra-se a inscrição “Deus seja louvado”.
As notas do Real possuem as assinaturas do ministro da Fazenda e do presidente do Banco Central, chamadas de chancelas. A cada mudança de titular do cargo, há a mudança das chancelas.
As cédulas são impressas em papel fiduciário composto de fibras de algodão. Esse papel tem uma textura mais firme e áspera que a do papel comum, o que lhe dá a resistência necessária para circulação nas mais diversas condições de manuseio.