Lula e PT subestimam Bolsonaro e Carlos

Lula superou Bolsonaro com folga em grande parte do primeiro bloco do debate de domingo porque fez o adversário discutir as mortes por covid. Bolsonaro traduziu seu estado de espírito em tosse e engasgos. Nos blocos seguintes, Bolsonaro mudou de comportamento e virou o jogo: movimentou-se melhor no palco, falou olhando para a câmera, determinou o assunto a ser debatido e adotou uma atitude dominante. Chegou a por a mão no ombro de Lula duas vezes e tentou acuar o rival verbal e fisicamente.

O que provocou a mudança?

Nos intervalos e durante os blocos, Carlos Bolsonaro instruiu o pai com gestos e palavras.

Chamava sua atenção para a câmera certa.

Girava os indicadores um contra o outro quando queria que Bolsonaro mudasse de assunto.

Orientava o pai para onde se dirigir no palco.

Ajudava a controlar o tempo restante e sinalizava quando Bolsonaro deveria parar de falar.

O pai obedeceu.

E daí? Ninguém na campanha de Lula tem a mesma liderança e influência de Carlos sobre o candidato presidencial. Ninguém é tão ouvido por Lula quanto Carlos é ouvido pelo pai sobre como se comunicar – seja nas redes sociais, em lives ou em debates.

Exemplo. Lula subiu ao palco antes do debate no domingo, ouviu as instruções do fotógrafo que o acompanha há anos sobre como se posicionar, para onde olhar e brincou: “Você não sabe porra nenhuma”. Era brincadeira porque os dois têm intimidade e brincam sempre entre si. Lula seguiu parcialmente as instruções. Parcialmente.