A confeiteira Stephanie Silva ainda chora ao falar sobre o que aconteceu com o filho único, de 3 anos, no final de maio, durante uma festinha na escola cujo tema era “circo”. O menino, que é negro, foi fantasiado de palhaço naquele dia para a escola, mas voltou com a fantasia na mochila. No dia seguinte, Stephanie recebeu uma ligação da sogra perguntando se ela já tinha visto nas redes sociais da escola, uma creche municipal conveniada da prefeitura de São Paulo, o vídeo do filho vestido com uma máscara de macaco. Perto dele, além das crianças, duas educadoras cantavam uma música que dizia: “você virou um macaco”.
Sem ir para a escola desde então, o menino agora fica com a avó enquanto os pais saem para trabalhar. “Para a escola, não aconteceu nada grave, mas para mim foi grave e não dá para ele voltar, não houve nenhum cuidado”, diz a mãe. Stephanie fez uma denúncia formal sobre a escola. “Eu fiz um boletim de ocorrência denunciando racismo, processo que agora corre em segredo de justiça por envolver um menor, mas a escola me processou por calúnia. Colocaram uma máscara de macaco no meu filho, divulgaram o vídeo em redes sociais, e eu agora que respondo por um crime”, conta.