Cientista do sono ensina a dormir bem: ‘Sem decisões difíceis após as 18h’

Dados do Instituto do Sono já mostraram que mais da metade da população brasileira sofre com disfunções no sono. A explicação por trás dessa dificuldade em se deitar, colocar a cabeça no travesseiro e dormir levou a médica e diretora do Instituto do Sono, Mônica Andersen, a dedicar a sua profissão para a temática. Já são 28 anos que ela acompanha a ciência do sono.

Para ela, apesar dos distúrbios e as queixas como a famosa insônia serem individuais, o problema é reforçado pelo coletivo. “Dormir é uma função essencial para o organismo do ser humano, mas pouco praticada pela sociedade que acredita que tudo deve funcionar no 24 horas por dia, sete dias por semana.”

Para driblar a rotina que nunca para, a médica aplica algumas regras simples na sua rotina, baseadas na ciência e na experiência clínica, para manter a qualidade do sono. A seguir, veja algumas delas.

Não pergunte nada ao Google antes de dormir

Há diferentes relatos de que as telas podem ser os grandes inimigos do sono. Andersen diz que apesar de a luz influenciar, o problema também está no conteúdo. Usar o celular para colocar o despertador ou o tablet para fazer uma lista não é prejudicial. Tudo bem, então, se for uma atividade rápida e simples.

O problema é quando a pessoa começa a fazer perguntas ao Google ou pesquisar algo, o que estimula o cérebro e o coloca em expectativa. “Você começa a procurar uma receita e acaba chegando em pontos turísticos na França. Esse estímulo vai na contramão do sono”, diz a médica.

Não use os dispositivos móveis para ajudar a dormir

Para a especialista, não faz sentido usar celulares, tablets, aplicativos para dormir. A exposição à luz, assim como a oportunidade de desfocar com outras atividades na tela, são suficientes para estimular o cérebro e acabar com o clima. “Na hora de dormir, vale apostar em um ambiente acolhedor e convidativo ao sono e afastar os problemas da mente.”

Não tome decisões difíceis depois das 18h

Conflitos familiares, questões profissionais, pago ou não essa conta. As preocupações ocupam a mente humana sem pedir licença, mas é possível mitigar o efeito dos problemas na qualidade do sono.

“Amanhã eu resolvo. Essa mentalidade pode diminuir o risco de insônia por conta do problema em si ou após tomar uma decisão e ficar pensando nela e nas suas consequências ao longo da madrugada.”

Andersen antecipa que dependendo do tamanho e intensidade do problema, a tática não dá certo, mas reforça mudança de comportamento e modo de pensar.

Trabalhe em um local que tenha exposição ao sol

Para quem trabalha no modelo home office ou híbrido, a dica é montar o escritório na frente de uma janela para aproveitar a exposição ao sol.

Andersen conta que a luz solar que bate na mesa é fundamental para que o corpo produza a melatonina, hormônio que regula a função do sono.

No escritório onde se sobressaem as luzes artificiais, o banho de sol também pode ser nas idas e vindas, durante o almoço ou nas paradas de descanso.