O governo brasileiro vê com preocupação as manobras e iniciativas da China para expandir o grupo dos Brics, formado hoje por alguns das maiores economias emergentes do mundo. O temor é de que Pequim queira usar o bloco para ampliar sua influência e estabelecer um polo paralelo de poder, em contraposição ao G7.
Nesta quinta-feira, os líderes do grupo se reúnem de maneira virtual e em meio a uma pressão internacional sem precedentes sobre o presidente Vladimir Putin. Mas um dos temas sob debate é a proposta da China de iniciar um processo de expansão do movimento hoje composto por Brasil, Rússia, África do Sul e Índia, além dos anfitriões chineses.
Oficialmente, o Itamaraty indica que está disposto a conversar sobre o tema. No mês passado, a chancelaria indicou que “o Brasil, assim como os demais parceiros do Brics, apoia iniciar processo de discussões sobre eventual expansão do grupo, conforme refletido no parágrafo 24 da recente Declaração Conjunta”.
Mas o texto também diz que os ministros “ressaltaram a necessidade de esclarecer os princípios norteadores, as normas, os padrões, os critérios e os procedimentos para esse processo de expansão”.
Segundo o Itamaraty, o Brasil apoia, igualmente, “a continuidade das atividades do Brics com parceiros não membros”.
Mas, nos bastidores, embaixadores do mais alto escalão da chancelaria afirmam que existe um racha no bloco. Se os chineses querem ir adiante com a expansão e dar um tom político para o grupo, Brasil e Índia hesitam em tomar esse passo. Para o Itamaraty, a existência do Brics cumpre acima de tudo um objetivo econômico e comercial. Não por acaso, o governo coloca um peso significativo na ideia do fortalecimento do banco criado pelo bloco.