Pesquisa sobre ‘temperatura do bulbo úmido’ é de 2020 e viralizou na internet esta semana; especialistas comentam sobre cenário climático
Se você navegou pela internet neste início de semana, é provável que tenha se deparado com a afirmação de que o Brasil pode se tornar ‘inabitável’ em 50 anos por conta do calor. Mas a informação, que faz referência a um artigo publicado pela Administração Nacional de Aeronáutica e Espaço, dos EUA, a Nasa, na verdade, não é bem assim.
Isso porque o artigo em questão – o Quente demais para lidar: como as mudanças climáticas podem tornar alguns lugares quentes demais para se viver, publicado em 2022 pela equipe editorial científica da Nasa – não tem o Brasil como foco. Nem diz, com essas palavras, que o País ficará ‘inabitável’.
No material, que se embasa em outro estudo, o O surgimento de calor e umidade muito severos para a tolerância humana, de 2020, escrito por Colin Raymond, do Laboratório de Propulsão a Jato da Nasa, a conclusão é de que o aumento das temperaturas globais e também da umidade pode fazer com que diversas regiões excedam os 35 ºC de temperatura do bulbo úmido. E por que isso é perigoso?
Bulbo úmido é uma espécie de termômetro que relaciona calor e umidade e que também serve como medida para verificar o ‘estresse térmico’. Como explicou ao Terra Karina Bruno Lima, doutoranda em Climatologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e divulgadora científica, “a partir de uma certa temperatura do ar, precisamos regular nossa temperatura interna eliminando calor pela transpiração. Mas o suor precisa evaporar, e o ambiente muito úmido dificulta a evaporação”.
Sendo assim, quanto mais alta a temperatura do bulbo úmido, menos as pessoas conseguem se resfriar – e, segundo o estudo, isso desencadeia desidratação e afeta os órgãos, principalmente o coração. São os resultados desse ‘estresse térmico’ que podem levar à morte.