Alertas ignorados e falta de plano levam país a reviver tragédia com chuvas

O Brasil possui um sistema de alerta e monitoramento capaz de prever desastres a tempo de serem minimizados apesar de enfrentar tragédias recorrentes após chuvas intensas. Além da falta de obras estruturais, se autoridades locais não ignorassem os alertas e elaborassem um plano de ação para situações de emergência com base nestes sistemas, dezenas de mortes seriam evitadas, avaliam especialistas ouvidos pela coluna.

Só neste ano, o país já viu 457 pessoas morrerem em enxurradas, deslizamentos e outros desastres decorrentes das chuvas. O número representa 26% do total registrado nos últimos 10 anos: entre 2013 e 2022, foram 1.756 mortes, segundo dados da CNM (Confederação Nacional de Municípios).

Para o presidente da CNM, Paulo Ziulkoski, a falta de recursos para prevenção no orçamento de desastres do país é um dos principais motivos para a recorrência dos problemas. “Com a redução cada vez maior de verba para prevenção, ano após ano, em todo governo, o resultado é que, na prática, só se atua na resposta, com grande peso para as prefeituras”, avalia.

O MDR (Ministério do Desenvolvimento Regional) informou que desde 2019 foram investidos mais de R$ 2,7 bilhões em ações de prevenção de desastres naturais no país, com recursos do Orçamento Geral da União, Restos a Pagar e financiamentos de obras de saneamento e de urbanização.

UOL