Qual o som da Amazônia? Grupo ouve a floresta para descobrir como salvá-la

O cricrió (Lipaugus vociferans) é quem dá as boas-vindas na Floresta Nacional de Carajás, área protegida da Amazônia no sudeste do Pará. “O cricrió é bem característico de florestas conservadas porque é bem sensível a perturbações. Às vezes, eles são tão abundantes e cantam tão alto que acabam mascarando outras vocalizações”, conta o pesquisador Leonardo Miranda.

“Você escuta esse passarinho em toda a região, então esse é um exemplo super interessante do que a gente chama na literatura de espécies que caracterizam o local”, diz Tereza Giannini, pesquisadora do Instituto Tecnológico Vale. “Quando você chega no lugar, você reconhece: ah bom, estou dentro de Carajás”.

Há, contudo, momentos em que uma sonoridade se sobrepõe: é a da araponga-da-amazônia (Procnias albus), que tem a voz mais eloquente dentre os animais mais barulhentos já pesquisados. Alcançando os 125 decibéis, a ave supera uma banda de rock e até uma motosserra. Pesquisadores se preocupam, inclusive, com eventuais danos que tais decibéis poderiam causar aos ouvidos da fêmea durante as canções de acasalamento.