Muita coisa mudou desde que a cédula de R$ 20 foi criada, em 2002. A economia do país era outra e dava para encher mais a sacola do mercado com ela. Hoje em dia, não compra quase nada.
Isso ocorre por causa da inflação. O custo de vida acumulado no período é de 254%, segundo o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo). Se fosse corrigida pela inflação, hoje a cédula deveria valer R$ 69.
O coordenador do IPC (Índice de Preços ao Consumidor) da Fundação Getúlio Vargas, André Vaz, explica que, embora o salário mínimo tenha tido um reajuste até maior do que a inflação no mesmo período, passando de R$ 200 para R$ 1.212 (aumento de 500%), o valor pago hoje não cobre as necessidades básicas das famílias brasileiras.
“Essas contas não são perfeitas, até porque com relação aos alimentos básicos como arroz e feijão, carne, cada um teve um impacto diferente. A variação de inflação de cada alimento tem a sua alta acumulada no período. Isso porque só estamos falando de alimentos, mas outras coisas de consumo tiveram aumentos, como energia e transporte público”, avalia.
A população de baixa renda é a mais afetada. “Quem recebe mais pode proteger o seu dinheiro da inflação, fazendo investimentos, que hoje estão com rendimento acima da inflação média. O pobre não tem dinheiro para se proteger da inflação, mal tem para comprar os alimentos”, afirma Vaz.