Antes de ser professora da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), Giovana Xavier, 43 anos, aprendeu com a mãe, também docente e a primeira mulher da família a entrar na faculdade, que sala de aula é lugar de promover mudanças radicais. Acostumada com uma universidade frequentada majoritariamente por alunos brancos, ela levou um susto quando abriu a porta e se deparou com cerca de 70 estudantes negros como ela à sua espera.
A primeira reação dela foi ir ao banheiro e chorar. Mas não podia ficar lá muito tempo. Eles estavam lá para assistir à aula da disciplina “Intelectuais Negras: escritas de si, saberes transgressores e práticas educativas de mulheres negras”, que a professora ministra desde 2015 e criada com duplo propósito: enfatizar o protagonismo de mulheres pretas e pardas na criação de conhecimento e mostrar como cotistas, em sua maioria negros, podem encontrar pessoas semelhantes na sala de aula.
Lembro de olhar para cima sem entender o que estava acontecendo. Ali foi o momento em que vi não só uma ruptura, mas uma transformação [na universidade]. “Giovana Xavier, professora de história na UFRJ.