‘Clareza moral é fundamental para o jornalismo’ Na quarta-feira (15), o Reuters Institute for the Study of Journalism, da Universidade de Oxford, publicou seu relatório anual sobre o consumo de notícias em todo o mundo. A pesquisa foi feita com mais de 93 mil leitores em 46 países e é considerada a mais abrangente já realizada sobre o tema.
Sobre o Brasil, há mais dados do que jamais foi visto em outras sondagens. No geral, o resultado corroborou o que a imprensa já sente no lombo há tempos: a dificuldade de manter leitores, o aumento da falta de confiança da audiência, a procura incessante pela fórmula mágica que faça as pessoas pagarem pelas notícias, a ascensão das plataformas digitais em detrimento de jornais e revistas.
Alguns pontos chamam a atenção. Primeiro, a acelerada fadiga do noticiário mundo afora. Em média, 38% dos entrevistados disseram que frequentemente ou às vezes evitam buscar informações sobre certos assuntos — sobretudo quando se trata de política ou da pandemia. Para eles, esse tipo de jornalismo é “deprimente e repetitivo”. Ironicamente, são esses os temas que costumam parecer mais sérios ou importantes para os jornalistas.
No Brasil, verificou-se o percentual mais alto de toda pesquisa: 54% dos entrevistados afirmam “evitar” o noticiário de propósito (27% a mais — o dobro — do que em 2017). Dentre aqueles que se identificam com a esquerda, 57% do total afirmam que as notícias afetam seu humor para pior. Na direita, a maioria diz não ver porque tudo o que é publicado é mentira. Também parece haver uma ligação clara entre a desgovernança e a credibilidade jornalística. Mais confusa a política do país, mais aversão às notícias. A saber: o Reino Unido de Boris Johnson teve 46% e os Estados Unidos de Trump, 42%. Países de clima político menos volátil — Japão, Dinamarca e Finlândia —, pontuaram na casa dos 60%.
UOL