Como elite brasileira driblou três leis para manter escravidão indígena

Em 4 de fevereiro de 1779, a indígena Josefa Martinha pediu à rainha D. Maria que lhe fosse concedida a liberdade com base na lei de 6 de junho de 1755 porque estava sendo vítima de perseguição cruel. A petição foi feita em Belém, capital do Grão-Pará e Rio Negro. Tudo começou quando ela ainda era jovem e, junto com seu marido João, foi colocada a serviço do capitão Hilário Bittencourt, poderoso senhor de engenho e grande escravaria. Para sua infelicidade, morreu-lhe o marido e ela ficou vivendo no engenho do rio Acará, com seus filhos, sob a tutela do dito Bittencourt.

Os problemas começaram quando Josefa tentou fazer um de seus meninos aprendiz de carpinteiro para sustentá-la na velhice. O capitão se opôs. Inconformada, ela buscou apoio do governador do Estado, mas não teve sucesso. As coisas só pioraram porque Hilário ficou ainda mais furioso com a atitude irresignada de Josefa e a convivência se tornou um inferno. Não deu para suportar e ela acabou fugindo do engenho com os filhos. Indignado, Bittencourt mandou caçá-los com escoltas armadas. Ainda assim, Josefa conseguiu formular seu pedido à rainha requerendo o direito à liberdade para os seus e que o dito capitão “não os embaraçasse mais”.