No site do Programa Nacional das Escolas Cívico-Militares (Pecim) consta que em quatro municípios do Espírito Santo serão criadas escolas cívico-militares ainda este ano. As cidades são Sooretama, São Gabriel da Palha e Montanha, no norte; e Marataízes, no sul. Entretanto, a novidade não agradou aos profissionais da educação. “Não cabe formação militar na educação básica. Esse tipo de escola deve ser somente para compor quadros das Forças Armadas”, diz o professor e integrante do Coletivo Resistência & Luta Educação, Swami Bérgamo.
O docente acredita que não há justificativa para que escolas cívico-militares sejam implementadas em instituições de educação básica, pois se trata de “doutrinação”. “Temos que prezar pela formação humana. Escola Cívico-Militar preza pela hierarquia, e não pelo desenvolvimento do senso crítico”, diz. Swami destaca que um dos argumentos para implantação desse tipo de projeto é que por meio dele se estimula o respeito e o civismo, mas que essas explicações não passam de “falácia”.
O professor aponta que as escolas cívico-militares impõem a padronização, inclusive a comportamental, proibindo, por exemplo, que os alunos utilizem acessórios como pulseiras, piercing, e até mesmo impondo um padrão de corte de cabelo. “Somos contrários à prática de anular a individualidade do aluno. A educação não vem com posição autoritária. Quando se tem esse tipo de imposição se educa, ou melhor, se deseduca para o desrespeito à diversidade”, diz Swami.
Já existem quatro escolas militares no Espírito Santo. Uma das que serão inauguradas este ano será a segunda a ser instalada no município de Montanha. A primeira foi em 2020, mesmo ano em que a de Viana, na Grande Vitória, foi implementada.