Desde que surgiu, em 1984, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) tornou-se o maior grupo de mobilização social do Brasil, atuando fora da política partidária. A prioridade sempre foi ocupar terras improdutivas para forçar o avanço da reforma agrária, tática que garantiu assentamento para 450 mil famílias. Porém, diante da parceria do governo de Jair Bolsonaro com o Centrão, que favoreceu a ação de latifundiários, do agronegócio e outros inimigos do movimento, essa diretriz está prestes a mudar. Pela primeira vez, o MST vai lançar candidaturas próprias nas eleições. Serão 10 candidatos a deputado federal e estadual em nove estados do país.
“Temos uma crise brutal, a volta da fome e uma conjugação do governo com o Congresso que resolveram roubar as terras públicas, destruir o meio ambiente, roubar o orçamento”, explicou à coluna Alexandre Conceição, da coordenação nacional dos sem terra. “Então, as políticas públicas, entre elas a reforma agrária, estão travadas nessa aliança do governo com o Centrão. Hoje, os prefeitos quando vêm a Brasília não vão mais à Esplanada dos Ministérios, porque lá não tem mais orçamento. Eles vão direto nos gabinetes do Centrão”.