Baixo custo de produção por meio de fontes renováveis é destaque global; contribuições do Reino Unido são fundamentais para País alcançar novos patamares
“Temos uma grande aceitação fora do Brasil, por ser um gás nobre, mas também temos perspectivas de que ele seja aproveitado no mercado nacional, algo mais a longo prazo”. A frase é do diretor-presidente da Associação Brasileira de Companhias de Energia Elétrica (ABCE), Alexei Vivan, que destacou o potencial do País na produção sustentável do hidrogênio verde durante webinar promovido pela Câmara Britânica de Comércio e Indústria no Brasil (Britcham), na última quarta-feira (23/02). O evento discutiu o ambiente de negócios ligado à cadeia do hidrogênio no Brasil, aproveitando a experiência da comunidade britânica e a parceria comercial para um desenvolvimento de forma segura e com regras claras, incentivando investimentos.
Levantamento feito pelo BloombergNEF (New Energy Finance) sobre a produção de hidrogênio verde no Brasil apresentou uma projeção positiva para o País por causa da diversificação das fontes renováveis em território brasileiro, aliada ao aprimoramento das tecnologias. “No Brasil, temos um potencial enorme de energia renovável. E no Ceará, um estado privilegiado quanto a esse Hub, temos a localização estratégica, incentivos fiscais, infraestrutura e todo o ecossistema de negócios”, salientou Constantino Frate, coordenador de atração e desenvolvimento de políticas públicas do HUB de Hidrogênio Verde do Governo do Estado do Ceará. O estado cearense lidera os esforços do Brasil no desenvolvimento de uma cadeia de negócios nessa atividade. “Existem muitos investidores interessados no Ceará, não só em busca de oportunidades para produção de energias renováveis, mas também em hidrogênio verde”, acrescentou. Atualmente, a região Nordeste é o maior polo de energia solar e eólica no Brasil, concentrando 88% das instalações dessas matrizes.
Segundo o diretor-presidente da ABCE, Alexei Vivan, para que a cadeia de hidrogênio verde atinja um maior nível de crescimento, é preciso que os investidores tenham segurança na produção e que todo esse Hub avance estágios importantes. “Existem grandes e tradicionais companhias de energia no Brasil investindo em geração, distribuição, transmissão de energia, que agora começam a ver novas oportunidades também em hidrogênio verde”, revelou. Vivan acrescentou que a cadeia envolve caminhos a serem percorridos, da regulação à produção, bem como do armazenamento, transporte, comercialização, dentre outros.
Experiência britânica
O Reino Unido começou a trabalhar para reduzir as emissões de gases de efeito estufa no final da década de 1980, quando as mudanças climáticas iniciaram seus efeitos. Segundo Daniella Carneiro, especialista em Negócios, Hidrogênio & CCUS do Departamento de Comércio Internacional (DIT) do governo do Reino Unido, desde então, deu-se início a um processo de descarbonização da economia de forma acelerada. A experiência em energia limpa do Reino Unido passa por investimentos na ordem de mais de £ 119 bilhões desde 2010. Atualmente, o bloco é líder europeu em atração de empreendimentos em energia renovável e oportunidades de implantação. Em todo o mundo, ocupa a 5ª posição no Hub.
Hoje, o Reino Unido começa a avançar em planos ambiciosos para o setor de hidrogênio. O programa nessa cadeia conta com investimentos na ordem de £ 240 milhões para produção de hidrogênio de baixo carbono de 5GW até 2030. De acordo com Constatino Frate, o Ceará tem a ambição de se tornar um player global na produção, exportação e distribuição de hidrogênio verde para uso em diversos setores da economia, como indústria e transporte, contribuindo, assim, para a redução dos níveis globais de CO2. Nesse sentido, a experiência britânica, em pesquisa, desenvolvimento e inovação, pode ser fundamental para que o Brasil alcance novos patamares no setor.
Fonte: Câmara Britânica (Roberto Lima)