Uma a cada cinco pessoas no mundo depende de animais e plantas selvagens para se alimentar ou obter renda, e muitas dessas espécies estão sob processo acelerado de extinção devido à superexploração e às mudanças climáticas. A alta dependência contrasta com a subvalorização da vida selvagem, vista apenas por seu valor de mercado. Isso contribui para o contrabando, que já é a terceira atividade ilegal do mundo e movimenta quase US$ 200 bilhões.
Estas são algumas das conclusões de dois novos relatórios da maior autoridade científica no tema da biodiversidade, a IPBES (Plataforma Intergovernamental de Políticas Científicas sobre Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos). Os documentos produzidos pela Plataforma representam a revisão mais confiável e ampla da literatura científica sobre o estado da biodiversidade terrestre, e assim como o Painel sobre clima, o IPCC, conta com o trabalho de cientistas de todos os continentes e com a aprovação do texto final por representantes dos países.
O primeiro relatório, divulgado na sexta-feira (8), traz um retrato da vida selvagem e aponta para a extinção generalizada e acelerada de milhões de espécies das quais os seres humanos dependem diretamente – muitas vezes sem saber. Esta biodiversidade está presente na geração de energia, em medicamentos e vacinas, tecidos, biomateriais de base tecnológica, cosméticos e produtos alimentícios diversos, incluindo os industrializados, além de atividades de lazer.